Qualquer bom especialista em fiscalidade é capaz de explicar porque razão é que a PT, com 867 milhões de euros de resultados líquidos, consegue pagar apenas 8 milhões de euros de impostos. Mas está interessado em ouvir a explicação?
Aqui vai, de qualquer forma…
São várias as justificações para o pagamento de menos impostos [323 milhões em 2005]. 53 milhões de euros dizem respeito a um reconhecimento de benefício fiscal efectuado no primeiro trimestre, 142 milhões de euros estão relacionados com a adopção de tributação voluntária sobre mais-valias (no segundo trimestre) e mais 134 milhões de euros que dizem respeito ao reconhecimento de um crédito fiscal na Vivo.
Isto pode fazer muito sentido para diversas pessoas, mas penso que não para o comum mortal da classe média. A realidade é que uma empresa que paga de impostos menos de 1% dos seus resultados líquidos e menos de 0,1% das suas receitas operacionais, certamente não se pode queixar de que o sistema fiscal Português prejudique a sua competitividade.
Só a título ilustrativo deixo a seguinte consideração (com base nas estatísticas de 2003/2004 da DGCI):
- Em 2004, os Portugueses tiveram de Rendimento Bruto €M 68 072 e o IRS Liquidado foi de €M 6 901, ou seja aproximadamente 10%.
- A PT, sendo a maior (ou segunda maior) empresa Portuguesa contribuiu para o IRC, neste ano, com 0,1% das suas receitas operacionais.
- Se a fiscalidade fosse, em termos médios, igual para todos, deveria ter pago qualquer coisa como €M 634.
Realmente assim é difícil qualquer OPA chegar a bom porto…
Para os que pensam que isto é um caso pontual, sem repetição, sugiro que façam a seguinte pesquisa.
Última actualização: 20/05/2011
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Curioso,
Antes de mais muito obrigado pela sua óptima contribuição. Os seus comentários têm um valor incalculável.
A minha opinião é que de realmente os fins não justificam os meios, com raras excepções, nas quais não incluo a problemática empresarial.
O Belmiro talvez não seja o exemplo de pessoa a seguir, mas também temos de admitir que tem tido sucesso. É, no entanto, de pesar alguns dos métodos que adopta.
Já agora, gosto muito desta frase:
. Representa muito para mim.
Em relação aos supostos benefícios que o sucesso da OPA poderia vir a ter, podem realmente não ter aquele impacto que se espera. Mas a verdade é que os remédios previstos pela Autoridade da Concorrência já são um grande passo para um mercado tão pouco concorrencial.
Já agora, para os mais interessados, esta OPA é um claro exemplo de Leveraged Buy-Out (LBO).
Por fim, o seu desabafo. Isso é uma questão que me passa, todos os dias, pela cabeça.
Infelizmente não tenho conseguido chegar a uma clara conclusão porque isto acontece. Tenho conhecido alguns gestores de empresas Portuguesas e, embora bons, não são milagrosos…
Curioso, sobre o documentário de que falou, não estaria interessado em escrever algumas palavras sobre o mesmo e o paralelo com a relação portuguesa? Teria todo o gosto em publicar o mesmo ou divulgá-lo, caso tenha um blog. Caso queira, contacte-me: blog (at) pedropais.com .
Já agora, aproveito para agradecer os vossos comentários. São o activo mais valioso que este blog pode gerar.